Franz Boas (1858-1942), demonstrando um ritual indígena no museu nacional dos EUA em 1895.
O conceito de cultura, propriamente dito, continua uma linha de pensamento antigo na Europa a cerca das diferenças físicas e espirituais manifestas entre seres humanos: o monogenismo. Essa teoria estipulava a união psiquica básica de toda a espécie humana, seguindo os preceitos bíblicos que a humanidade descende-se, só e unicamente, de Adão e Eva. O monogenismo se opunhava o conceito de poligenismo, que estipulava que só os povos brancos e mediterraneos foram descendentes de Adão e Eva do Jardim de Eden, os outros povos do planeta sendo criado em outros lugares e momentos (ou por Deus ou pelo Diabo).
Embora seja uma simplificação brutal, podemos pensar em determinismo biológico e racismo como teorias descendentes de (ou aparentadas com) poligenismo enquanto o relativismo cultural tem uma pé firme na herança intelectual de poligenismo.
O conceito de cultura vem própriamente da união de duas outras ideías: kultur, um conceito alemão, utilizado para simbolizar todos os aspectos "espirituais" de uma comunidade (suas leis, tradições, pensamentos e etc.) e a civilización, um conceito francês que refere-se às realizações materiais de um povo (i.e. sua tecnologia).
Em sua obra principal (Cultura Primitiva (1871)), Edward Tylor (1832-1917) sintetiza esses dois conceitos para criar o conceito de cultura: essa palavra refere-se todas as possibilidades de realização humana, se opondo fortemente a idéia da transmissão biológica dos comportamentos humanos. Tylor define a cultura como "todo aquele complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquerido pelo homem como membro da sociedade".
Um problema com a definição de Tylor é que ele ainda aceitou a noção de uma escala comparativa de cultura - ou seja, a idéia de que tinha culturas superiores e inferiores. (Veja-se o livro de Roque Laraia, Cultura, Capitulo 4, segunda página, para mais informações.)
Franz Boas (1858-1942) completa o desenvolvimento da noção moderna de cultura, postulando o relativismo cultural: “culturas” (plural) versus “cultura” (singular).
Apontava que cada cultura é uma unidade integrada, fruto de um desenvolvimento histórico peculiar. Boas enfatizou a independência dos fenômenos culturais com relação às condições geográficas e aos determinantes biológicos, afirmando que a dinâmica da cultura está na interação entre os indivíduos e sociedade. Para eles, o fato de ocorrerem fenômenos semelhantes em épocas e lugares diferentes, provava a existência de uma origem comum da humanidade. Boas, pelo contrário, afirmava que esses fenômenos similares poderiam ter se originado por caminhos diversos, e que o mesmo fenômeno tem sentidos variados em cada cultura. Antes de se fazerem suposições, devia-se investigar a fundo as causas dos fenômenos, utilizando-se da investigação histórica, tão defendida por ele. Boas inaugura o conceito de culturas, no plural, que cada uma delas tem sua própria história; contrapondo com o pensamento evolucionista que concebia uma cultura humana universal. Segundo Boas, todas as culturas são dinâmicas, sofrem mudanças ao longo do tempo. O objetivo da pesquisa antropológica de Boas seria compreender os fenômenos dessas culturas particulares, o sentido que os elementos de cada cultura tem para seus membros, e não estabelecer leis gerais, como pensavam os evolucionistas.
A.L. Kroeber (1876-1960) é o último "pai" da noção moderna de cultura. Ele desenvolve o conceito do superorganico em 1917, postulando a supremacia da cultura sobre a biologia no comportamento humano. Amplia-se o conceito de cultura e declara sua supremacia nos assuntos humanos.
Como Opera a Cultura
1) Cultura condiciona a visão do mundo do homem. Forma-se uma lente através do qual o mundo é visto. Fisicamente, até: os esquimos o o cor branco. Etnocentrismo: entender o mundo como se seus valores fossem os mesmos de todo mundo.
2) A cultura interfere no plano da biologia. Banzo. Couvade.
3) Os individuos participam diferentemente de suas cultura. Velhos e novos, mulheres e homens, posições de trabalho diferenciadas.
4) A cultura tem uma lógica própria. Os homens bombas “malucos”. A coerência de um hábito social só pode ser analisado a partir do sistema a que pertencer.
5) A cultura é dinâmica. Ela muda, sempre. Não existe cultura fossilizada.
(Fontes: Wikipedia e Laraia)
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