domingo, 25 de setembro de 2011

Jogo essa semana como atividade de aula: Tribos

Essa semana vai rolar um jogo como atividade de aula: Tribos, por Steve Jackson e David Brin. Vocês que gostariam de ler as regras antes do evento pode encontrá-las aqui: Tribos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Extinção da Megafauna Americana, 11.500-10.900 A.C>


















Tivemos um debate na aula da terça sobre a extinção dos assim-chamados "megafauna" nas Américas e em outros lugares do planeta.

"Megafauna" quer dizer "animais gigantes" e refere-se, neste caso, a um conjunto de grandes mamíferos (mamutes, cavalos, etc.) que ficaram extintos nas Américas mais ou menos na mesma época em que a humanidade migrou-se para essa área do planeta - a hipótese óbvia, neste caso, sustentado por alguns de vocês - é que o Homem o Caçador eliminou esses bichos. A maior prova dessa hipótese é que quase toda região (fora da massa continental principal de África-Europa-Ásia) tem sofrida extinções semelhantes imediatamente após da chegada de seres humanos.

Certamente, a caça humana parece ter sido um fator - e talvez o fator predominante - na extinção desses animais. Tal hipótese parece sustentada pela velocidade com que o Bison quase foi eliminada da paissagem americana após da chegada dos europeus.

Todavia, existem outras hipóteses que devem ser examinadas aqui...

Em primeiro lugar, embora a humandidade, com certeza, eliminou algumas espécies através da caça, essas também poderiam ter sido eliminadas através da competição para os mesmos recursos. E devemos sempre lembrar que enormes mudanças climáticas estavam acontecendo no mundo nesse momento, deixando essas espécies vulneráveis à pressões adicionais. Muitas espécies de animais que não eram caçadas por humanos também desapareceram nessa mesma época: obviamente, então, temos que levar fatores além da caça em conta quando falamos dessas extinções.

(Acima, "Luzia", reconstrução de uma mulher que teria vivida perto de Lagoa Santa, Minas Gerais, pelo menos 11.000 anos atrás, baseada em fósseis recolhidos no lugar.)


Em segundo lugar, nas últimas décadas, uma briga enorme tem nascida na arqueologia sobre a data da primeira colonização humana das américas. Existem boas evidências de que precisamos empurrar a história humana das américas mais umas milenias no passado. Não existe mais concenso, entre os arqueólogos, que os primeiros humanos ocuparam as américas na mesma época que as extinções da megafauna. Uma discussão dessas novas teorias pode ser encontrada aqui, entre páginas 168 e 184. Vale a pena ler, pois foram cientistas brasileiros que descobriram boa parte dessas novas informações.

De fato, estou pensando em fazer essa leitura obrigatória, então por favor, vai lendo! É só 16 páginas e essas são bem legíveis.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cronograma das Aulas, Semestre 2, 2011

Biologia, Cultura e a Questão de Raça

Professor Dr. Thaddeus Gregory Blanchette Código: MAB111 3ª Feiras: 13-17h


Ementa:
O objetivo do curso é discutir o conceito de raça e como essa idéia tem sido aplicada historicamente aos seres humanos na luz dos entendimentos da Antropologia Cultural. Apresentaremos as noções de natureza e de cultura, discutindo a interação entre o social e o biológico. Olharemos para a raça como conceito biológico e como isso tem sido aplicado aos seres humanos, tocando nas histórias imbricadas de racismo e racialismo. Detalharemos a antropologia como campo de conhecimento e discutiremos a evolução humana na luz do conceito do superorgânico de A.E. Kroeber. Apontaremos as distinções entre o conceito de distribuição clinática de atributos versus o modelo racialista. O intuito do curso é posicionar os alunos de Ciências Biológicas frente às principais discussões sobre a questão da (não) existência das raças humanas.

Avaliação: 
A nota do curso será determinada a partir da seguinte formulário:
- 10% presença. O aluno que não comparecer a pelo menos 75% das aulas será reprovado.
- 45% Participação na aula. Leitura e discussão dos textos. Entrega dos trabalhos práticos.
- 45% Trabalho final. Não mais que 10 páginas, espaço 1,5, letra Times New Roman tamanho 12, sem contar a bibliografia.

Informações de contato para Professor Thaddeus:
Fone: 21-9871-1963 E-mail: macunaima30@yahoo.com.br
Horário para consultas individuais: 3ª feira, 10:00-13:00hs, na cantina ou em meu escritório.

Semana 1 
Introdução ao curso; apresentação de regras referentes aos trabalhos escritos; organização de grupos de trabalho.

Semana 2 
O que é raça? 
Leitura: Luigi Luca Cavalli-Sforza, Genes, Povos e Línguas. Capítulo 1.

Semana 3 
A evolução humana. Distribuição clinática de genes versus o conceito de raça.
Leitura: Laraia, Cultura.

Semana 4 e 5 
O homem no conceito antropológico. 
Apresentação de Laraia, por grupos. 
Leitura:  Luigi Luca Cavalli-Sforza, Genes, Povos e Línguas. Capítulo 6. Leitura opcional: Kuper, The Chosen Primate. Capítulos 3 e 4.
Filme: Casamento de Grego.

Semana 6  A evolução de cultura. 
Filme: Enterra Meu Coração ao Beira do Rio

Semana 7  Jogo: Tribos 
Leitura: Hitler, Minha Luta (seleções a serem indicadas por Professor Thaddeus).


Semana 8 e 9  
Noções clássicas de raça: do Darwin ao Hitler. 
Filme: A Outra História Americana
Leitura: Gould, A Falsa Medida do Homem.

Semana 10 e 11  
A história da biometria
Apresentação de Gould, por grupos
Leitura: Luigi Luca Cavalli-Sforza, Genes, Povos e Línguas. Capítulo 3. Leitura opcional: Brace, Race is a four letter word. Capítulos 1, 17, 18 e 19.
Leitura: Barth, “Introdução”

Semana 12  
Vinhos velhos em garrafas novas? Novas idéias sobre a biologia humana. 
Etnicidade versus raça: a perspectiva antropológica. 
Leitura: Freyre, Casa Grande e Senzala; Cuikerman, Yes, nos temos Pasteur; Schwartz, O espectáculo das raças. Maio: Raça, ciência e sociedade.
  
Semana 13-15
Raça e eugenia no Brasil. 
Apresentações dos grupos
Filme: Sonhos Tropicais.

Trabalho Final - Individual
Encontrar um argumento científico racista na internet; apresentar o argumento, explicando a posição do autor; usando a bibliografia e idéias apresentadas na aula, analisa e critica o argumento do autor.


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BARTH, F. “Introduction”. In: Ethnic Groups and Boundaries. George Allen & Unwin. 1969.
BRACE, C. L. Race is a Four Letter Word: The Genesis of the Concept. NYC: Oxford University Press. 2005
CAVALLI-SFORZA, L.L. Genes, Povos e Línguas. SP: Companhia das Letras. 2000.
GIDDENS, A. Sociologia. SP: Artmed Editora. 2005.
GOULD, S.J. A Falsa Medida do Homen. SP: Martins Fontes. 2003.
HITLER, A. Minha Luta. (http://www.reidoebook.com/2009/03/rei-do-ebook-minha-luta.html)
KUPER, A. The Chosen Primate. London: Harvard University Press. 1994.
LARAIA, R Cultura: Um Conceito Antropológico. RdJ: Jortge Zahar. 2005.
FREYRE, G Casa Grande e Senzala. Recife: Fundação Gilberto Freyre. 1992.


Blog da turma: http://racabionupem.blogspot.com/ Isto será usado para discutir ou comentar o material apresentado nas aulas. Os comentários podem ser anônimos. Tambem pode ser usado para distribuir textos.

sábado, 9 de julho de 2011

Artigo fascinante sobre a Q.I. e como essa muda situacionalmente


Pode  estar chegando tarde para alguns de vocês, mas segue abaixo um artigo fascinante, em inglês, sobre como a Q.I. pode variar de acordo com as circunstâncias. Resumindo, o argumento é que a pobreza cria suas próprias condições mentais. Ser pobre significa gastar recursos mentais só para sobreviver. Um exemplo: camponeses indianos fazem bem melhor em testes de Q.I. imediatamente após da colheita da cana - quando são relativamente prósperos - do que em outros momentos do ano, quando precisam preocupar-se sobre o dinheiro. 


O parte mais importante do artigo é marcado em amarelo.


The Unexamined Society

David Brooks, New York Times, 7.7.2011

Fortunately, today we are in the middle of a golden age of behavioral research. Thousands of researchers are studying the way actual behavior differs from the way we assume people behave. They are coming up with more accurate theories of who we are, and scores of real-world applications. Here’s one simple example:
When you renew your driver’s license, you have a chance to enroll in an organ donation program. In countries like Germany and the U.S., you have to check a box if you want to opt in. Roughly 14 percent of people do. But behavioral scientists have discovered that how you set the defaults is really important. So in other countries, like Poland or France, you have to check a box if you want to opt out. In these countries, more than 90 percent of people participate.

This is a gigantic behavior difference cued by one tiny and costless change in procedure.
Yet in the middle of this golden age of behavioral research, there is a bill working through Congress that would eliminate the National Science Foundation’s Directorate for Social, Behavioral and Economic Sciences. This is exactly how budgets should not be balanced — by cutting cheap things that produce enormous future benefits.

Let’s say you want to reduce poverty. We have two traditional understandings of poverty. The first presumes people are rational. They are pursuing their goals effectively and don’t need much help in changing their behavior. The second presumes that the poor are afflicted by cultural or psychological dysfunctions that sometimes lead them to behave in shortsighted ways. Neither of these theories has produced much in the way of effective policies.

Eldar Shafir of Princeton and Sendhil Mullainathan of Harvard have recently, with federal help, been exploring a third theory, that scarcity produces its own cognitive traits.

A quick question: What is the starting taxi fare in your city? If you are like most upper-middle-class people, you don’t know. If you are like many struggling people, you do know. Poorer people have to think hard about a million things that affluent people don’t. They have to make complicated trade-offs when buying a carton of milk: If I buy milk, I can’t afford orange juice. They have to decide which utility not to pay.
These questions impose enormous cognitive demands. The brain has limited capacities. If you increase demands on one sort of question, it performs less well on other sorts of questions. 

Shafir and Mullainathan gave batteries of tests to Indian sugar farmers. After they sell their harvest, they live in relative prosperity. During this season, the farmers do well on the I.Q. and other tests. But before the harvest, they live amid scarcity and have to think hard about a thousand daily decisions. During these seasons, these same farmers do much worse on the tests. They appear to have lower I.Q.’s. They have more trouble controlling their attention. They are more shortsighted. Scarcity creates its own psychology. 

Princeton students don’t usually face extreme financial scarcity, but they do face time scarcity. In one game, they had to answer questions in a series of timed rounds, but they could borrow time from future rounds. When they were scrambling amid time scarcity, they were quick to borrow time, and they were nearly oblivious to the usurious interest rates the game organizers were charging. These brilliant Princeton kids were rushing to the equivalent of payday lenders, to their own long-term detriment.

Shafir and Mullainathan have a book coming out next year, exploring how scarcity — whether of time, money or calories (while dieting) — affects your psychology. They are also studying how poor people’s self-perceptions shape behavior. Many people don’t sign up for the welfare benefits because they are intimidated by the forms. Shafir and Mullainathan asked some people at a Trenton soup kitchen to relive a moment when they felt competent and others to recount a neutral experience. Nearly half of the self-affirming group picked up an available benefits package afterward. Only 16 percent of the neutral group did.
People are complicated. We each have multiple selves, which emerge or don’t depending on context. If we’re going to address problems, we need to understand the contexts and how these tendencies emerge or don’t emerge. We need to design policies around that knowledge. Cutting off financing for this sort of research now is like cutting off navigation financing just as Christopher Columbus hit the shoreline of the New World.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

28.06.2011 Os Garotos da Minha Vida



O filme desse quarta feira foi Os Garotos da Minha Vida, direcionado por Penny Marshall. O filme retrata da vida de Beverly, uma garota inteligente de uma pequena cidade no interior dos EUA que, em 1967, fique grávida aos 15 anos de idade.

A discussão após do filme levantou algumas questões que vocês podem explorar em seus trabalhos finais, a cerca da interação entre culturas (na construção do gênero) e corpos físicos:

1) Em primeiro lugar, a relação de Beverly e seu pai foi altamente modificado pelo fato que a Beverly se transformou fisicamente de menina em mulher. Descreve algumas dessas mudanças no relacionamento dos dois.

2) A história inteira gira em torno do fato da gravidez de Beverly, que fique grávida aos 15 anos de idade. A gravidez é um fato biológico. No entanto, grandes mudanças socio-culturais tendem a acompanhá-la. Quais eram algumas dessas mudanças no caso de Beverly?

3) Como vimos anteriormente no filme Meninas, a gravidez em muitas culturas significa que a mulher e seu parceiro são adultos. No caso de Beverly, seu corpo era adulto, mas ela ainda era considerada criança quando ficou grávida. Quais eram alguns dos problemas que essa contradição causou para Beverly e sua amiga Fay, também adolescente e grávida?

4) Quais eram as consequências sociais para as mulheres que ficaram grpavidas no filme (Fay e Beverley)? E para os pais de seus filhos (Bobby e Ray)?

5) Quais eram algumas das consequências da decisão de Beverly de expulsar Ray da casa? Você acha que ela estava correta nessa decisao? Porque?

6) Finalmente, o filme demonstra que, embora é preciso (pelo menos por enquanto) duas pessoas para fazer um filho, talvez essas duas pessoas não devem constituir casal. Você acha melhor manter dois pais embaixo da mesma telhjado, mesmo que tiveram grandes conflitos? (Nota que não tem resposta correta para essa pergunta, mas você deve sustentar sua opinião com argumentos que vem dos textos: i.e. quais são algumas das possíveis efeitos socio-culturais de uma pessoa criar uma criança sozinha?)

domingo, 19 de junho de 2011

O Lutador e Informações Sobre o Trabalho Final do Antropologia (Enfermagem)

Entregando o Trabalho Final

A data para entregar o trabalho final é quarta, dia 6 de julho, na sala 303. O trabalho terá que ser entregue pessoalmente, em versão impressa, na minha mão até 17horas nesse dia. Eu estarei no Polo a partir das 9 horas, ou na sala dos professores ou na cantina, então pode me entregar em qualquer dessas áreas e momentos tambem.

Obviamente, quem quer entregar antes, pode. Estarei no polo todas as quartas e a maioria das segundas e quintas entre agora e o final do semestre.

Preciso tambem que vocês preenchem um formulário de avaliação do curso, portanto, peço que vocês me entregem o trabalho pessoalmente (em vez de mandar por terceiros). Se absolutamente precisar mandar o trabalho por terceiros, por favor, imprime o formulário e manda ele junto, preenchido. O formulário de avaliação deve estar no blog em algum momento da semana que vem.


Filme, 15/06/2011: O Lutador

O filme da terça-feira passada foi O Lutador, de diretor Darren Aronofsky e com Andy Rourke no papel principal do lutador Randy "O Carneiro".


O filme fala muito sobre a relação que homens (o gênero) mantêm com seu corpo, embora obviamente de forma exagerado. O Carneiro, como muitos outros homens, trata corpo de forma instrumenal, ou seja, como se esse fosse uma ferramenta de trabalho. Para O Carneiro, outros objetivos tomam precedencia e sua saúde física não é uma grande preocupação - pelo menos até a hora em que ele sofre de um ataque cardíaco fulminante.

A seguir, algumas perguntas que vocês podem usar para analisar O Lutador na ótica de masculinidades, corpos e cultura:

1) O Carneiro tem uma relação bastante instrumental com seu corpo, tratando esse como ferramenta. Dá pelo menos três exemplos desta relação e quais são os prováveis efeitos físicos destes. Em sua opinião, porque Randy se trata dessa maneira?

2) Homens também são notórios para privilegiar trabalho por cima de suas relações familiares. No caso do Randy, como é que isto é apresentado no filme? Quais são algumas das consequências que isto tÊm em termos de sua saúde?

3) Randy até pague para continuar na luta livre. Ele não está ganhando dinehiro com a profissão. Em sua opinião, porque que ele engaja neste tipo de comportamento? O que significa lutar para Randy? Quais síndromes físicos podem esperar o Randy se ele continue a lutar (além da morte por doença cardíaca, é clara - lembre-se da cena em que ele se encontra como os lutadores velhos e veteranos para assinar autógrafos).

4) Tanto Randy quanto Pam têm o mesmo problema: seus corpos estão envelhecendo e eles estão trancados em profissões que demandam corpos jovens. Na antropologia e sociologia, chamamos essas profissões de "profissões decadentes", pois o posicionamento do profissional decai na medida que envelhece. Compare e contraste as estratégias de Randy e Pam para sair de suas profissões.

5) O filme não mostra muito, mas podemos pensar sobre quais são algumas dos problemas físicos e psicológicos criados pela profissão de Pam (dancarina de strip tease). Quais são algumas dessas? Pense, em particular, nas razões que Pam decided não namorar Randy.

6) Pergunta obrigatória: embora o caso de Randy seja exagerado, a maneira que ele lida com seu corpo é bastante comum entre os homens. Por favor, descreve uma situação que você vivenciou em que um homem insistia em tratar seu corpo como ferramenta, mesmo contra as indicações dos profissionais da saúde. Se você não tem tido essa experiência, então reconte a história de um homem que você conhece que vai contra esse esterótipo.






domingo, 5 de junho de 2011

Supersize me! (a dieta do palhaço) (Alunos da Enfermagem)




Na quarta passad, assistimos nosso terceiro filme, o documentário "Supersize me! A Dieta do Palhaço", direcionado por Morgan Spurlock.

Temos uma série de perguntas que vocês podem usar para estruturar sua análise do filme. Uma dessas (a primeira, abaixo) é obrigatória:

1) Vocês acham que comer "fast food" é uma opção estritamente individual ou que existem fatores socio-culturais que condiciam essa opção, empurrando o indivíduo para comer no McDonalds? Use elementos do filme e da aula para justificar sua resposta (a definição de "cultura" pode ser bastante útil aqui).

2) Muitas famílias americanas comem fora hoje. Como é que esse fato social pode estar ligado ao fato biomédico de um aumento de peso e de obesiedade na população americana?

3) Como é que as mudanças estruturais dentro da família - particularmente o fato que ambos os adultos, homem e mulher, trabalham fora e que o ritmo de trabalho é cada vez mais exigente - pode ter aumentado o consumo de fast food?

4) Compare a condição física de Morgan quando ele começou sua experiência e sua condição física no final da experiência. Especifique alguns dos resultados da experiência. Foram o que os médicos previam?

5) Qual é o papel da "sedução das crianças" - estratégia empregada por McDonalds - na reprodução de McDonalds como opção de comida na vida adulta? Porque que as pessoas levam seus filhos ao McDonalds? Quais são alguns dos métodos que McDonalds usa para atrair as crianças e firmar sua marca? Quais são alguns dos possíveis resultados dessa "sedução" na vida adulta dessas crianças?

6) Qual é o impacto do aumento das porções na saúde dos consumidores do McDonalds? Porque que o McDonalds aumentou o tamanho das porções? Porque que os consumidores escolhem essas porções maiores?

7) Descreve o conceito do "meio ambiente tóxico de comida e excercício".

8) Quais são algumas dos problemas de saúde ligados a obesiedade? Como é que a opção cultural de onde e o que você come pode aumentar ou diminuir esses problemas? Dá exemplos vindo do filme.

9) Quais são algumas das dificuldades que os pais (e as escolas) encontram quando tentam ensinar às crianças como devem comere bem?

10) Os mesmos problemas documentado por Morgan existem no Brasil? Como é que o regime brasileiro compare com o americano?

11) A comida de McDonalds pode te viciar? Como?

12) Como é que o marketing e a política (ambos fatores sociais) podem impactar no regime americano e o fato biológico consequente da obesiedade?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Tropicalia / Carmen Miranda Dada (alunos da biologia)



Vários alunos me informaram hoje que meu cérebro de 40+ me faliu de novo e que a música de Caetano que fala da "Carmen Miranda dada" é, de  fato, "Tropicália". Peço desculpas pela confusão e só posso dizer em minha defesa é que, além de ser velho, não sou especialista em MPB! :D

Bom, aqui pode-se encontrar o artigo em que Caetano fala da experiência de ver o sex de Carmen, que inspirou a música (o site contem o famoso foto então deve ser evitado pelas pessoas de disposições mais delicadas).

E aqui, é claro, é a música.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

2o Filme: Meninas (Antropologia Cultural para Enfermagem)



Nosso segundo filme foi Meninas, do documentarista Sandra Werneck. O filme retrata a gravidez de quatro adolescentes brasileiras, moradoras de comunidades carenetes do Rio de Janeiro.

Embora que seu olho é bastante clínica, a diretora nunca se deixa a cair em acusações ou moralismos ao respeito das escolhas e opções tomadas por Luana, Evelyn, Edilene e Joice, as quatro protaganistas do documentário. Vocês devem seguir a opção tomada pela diretora e fazer o mesmo: aqui não estamos interessados em se as meninas fizeram o correto ou não: estamos interessados nas mudanças culturais ocasionadas em suas vidas e - em particular - seus corpos por caus da gravidez e parto.

Algumas perguntas para vocês poderarem em sua análise do filme através da ótica de corpo e cultura:

1) Quais são as modificações nas práticas de corpo das meninas ocasionadas pela gravidez? Ou, alternativamente, quais modificações não aconteceram que talvez esperamos acontecer?

2) Após do nascimento do nenem, quais são algumas das modificações que acontecem na cultura da mães? Essas modificações foram esperadas ou não?

3) Quais foram as mudanças ocasionadas na vida social das meninas em suas famílias e na comunidade pelo fato de serem grávidas? E de serem mães?

4) Qual foram os papeis culturais dos país nesses processos de gravidez e nascimento?

5) Em termos do seu entendimento do uso dos métodos de controle de natalidade, você acha que as meninas foram bem preparadas? O que poderia ser mudado para melhorar o ensino de controle de natalidade para os meninos e meninas do filme?

6) Finalmente, a opção do aborto. Como é que o aborto foi visto pelas várias pessoas no filme? Se o aborto for legalizado, você acha que poderia mudar o comportamento das quatro meninas ou não? (Novamente, não estamos falando da moralidade do aborto aqui: simplesmente quero saber o que você acha das prováveis consequências da legalização na vida das pessoas retratadas no filme.)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

1o Filme: Dzi Croquettes (Antropologia Cultural para Enfermagem)






















O primeiro filme que assistimos em nossa série foi Dzi Croquettes, direcionado por Tatiana Issa e Raphael Alvarez. O filme retrata o grupo teatral do mesmo nome, seguindo sua carreira audaciosa durante os anos mais negros da ditadura brasileira. Para vocês que queiram mais informações sobre o grupo, esse blog aqui pode lhe oferecer recursos.

Ante e após do filme, pensamos em uma série de perguntas úteis que poderiam ser feitos sobre o nexo cultura/corpo e como o grupo expressava esse. As perguntas incluém:

1) Quais eram as regras culturais/sociais que os Dzi quebraram referente ao corpo, tanto em suas produções quanto em suas vidas fora do palco?

2) Quais são algumas das novidades culturais que os Dzi trouxeram para o cena teatral brasileiro. particularmente com referência ao corpo? Lembra que discutimos na aula sobre a questão da "cultura brasileira" e se tal coisa realmente existe. Eu apresentava a teoria de Max Weber de ação social, um comportamento humano ao qual os indivíduos vinculam um significado subjetivo e a ação. Sob essa ótica, os Dzi estavam combinando determinados significados, alguns vindo de meios sociais brasileiros e outros oriundos de fontes diferentes, para produzir uma ação social diferente. Como é que eles fizeram isto? Quais eram os elementos que combinavam no palco? Oriundos da onde?

3) Como é que os Dzi encaixaram no cenário cultural da época? O que que eles desafiaram com suas representações corporais e como? O que era radical no performance deles, dado o cenário socio-cultural do Brasil no início da década de 1970?

4) Oito dos Dzi já morreram e morreram jovens. 4 morreram de AIDS, 3 por assassinatos e 1 por anuerisma cerebral (condição que pode ser causada pelo uso de cocaina). Quais práticas de corpo poderiam ter deixados eles vulneráveis (e não, "homosexualidade" não é resposta adequada para esta pergunta). Alternativamente, quais práticas de corpo ajudaram eles a sobreviver determinadas situações que, provavelmente, teria matada eu e você?

5) Quais elementos culturais entraram em cena por causa dos Dzi? Suas práticas simbólicas foram adaptadas e utilizadas por quem? O que você reconhece no Brasilo de hoje, em suas práticas, que plausívelmente pode ter originada com os Dzi?







 6) Finalmente, olhando para a questão de gênero, o que que os Dzi aparentemente pregavam? Eram, como Liza Minelli dizia, um movemento avante-garde gay? Essa última pergunta é bastante subjetiva e não tem resposta certo ou errado: simplesmente quero saber o que vocês acham.

 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Trabalho Final de Semestre, turma da enfermagem (FCA218)
























Para finalizar nossa disciplina, vocês podem escolher um de dois trabalhos escritos, detalhados abaixo. Eu estarei em nossa sala de aula (215a) toda quarta feira a partir das 13:00hs para responder as suas dúvidas ou perguntas.

Trabalho final da disciplina: análise de artigos

Leia os três artigos referentes às pesquisas qualitativas nas questões de saúde. Escolha DOIS dos três artigos e analisa-los na luz das teorias sobre a cultura apresentadas no curso. Utilize as leituras do curso, particularmente aquelas que tratam da construção socio-cultural do corpo, para responder às seguintes questões:

1) Nos casos apresentados, como é que a cultura impacta nos corpos dos indivíduos estudados?

2) Nos casos apresentados, como é que a cultura afeita o tratamento que essas pessoas recebem do sistema de saúde?

Ambas estes pontos devem ser abordados em ambos os artigos que você escolhe retratar. Os três artigos estão todos no xerox. São:

1)   Porto, Madge, Cecilia McCallum, Russel Parry Scott, Heloísa Mendonça de Moraes 2003. ‘A saúde da mulher em situação de violência: Representações e decisões de gestores/as municipais do Sistema Único de Saúde’. Caderno de Saúde Pública 19(Sup. 2): S243-S252.

2)     McCallum, Cecília e Ana Paula dos Reis 2006. ‘Resignificando a dor e superando a solidão: experiências do parto entre adolescentes de classes populares atendidas em uma maternidade pública de Salvador’. Caderno de Saúde Pública 22(7): 1483-1491.
3)  
    Souza, Iara Maria Almeida de 2007. ‘Produzindo Corpo, Doença e Tratamento no Ambulatório: Apresentação de Casos e Registros em Prontuário’. Mana. Estudo de Antropologia Social 13(2): 471-496

Trabalho final da disciplina: análise de filmes
Vou apresentar uma série de seis filmes que retrata questões de cultura e corpo no horário e lugar normal de nossa disciplina (13-17:00 hs, sala 215a). Os filmes serão seguidos por discussões e debate e eu apresentarei pelo menos duas perguntas sobre cada filme que você deve responder em seu trabalho escrito.
Escolhe TRÊS filmes para assistir e responder as perguntas levantadas durante a discussão (que também serão apresentados aqui, nesse blog, toda semana após da apresentação do filme).
Como já tivemos um filme que retratou das questões de Darwinismo Social, eugenia e cultura durante o semestre, a maioria dos filmes que vão ser apresentados terão como seu foco as intersecções de cultura e sexo/gênero ou raça

Os filmes apresentados serão:

1)     Quarta, 18.05.2011, 13hs
O primeiro filme será nesta quarta feira e será Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez. Retrata de um grupo teatral carioca que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos ’70 com suas ousadas releituras de sexualidade e masculinidade.

2)     Quarta, 25.05.2011, 13hs
Nosso segundo filme foi Meninas, do documentarista Sandra Werneck. O filme retrata a gravidez de quatro adolescentes brasileiras, moradoras de comunidades carenetes do Rio de Janeiro.

         Quarta, 1.06.2011, 13hs
      Nosso terceiro filme foi o documentário Supersize Me: O Dieta do Palhaço, direcionado por Morgan Spurlock. O filme fala das mudanças na cultura de comida nos Estados Unidos nos últimos 20 anos e o que tem acontecido com os americanos em termos de saúde, como resultado.


        Quarta, 8.05.2011, 13hs
       Ou Tudo ou Nada, de Peter Cattaneo. O homem como trabalhador: a obrigação do trabalho; trabalho como identidade; saúde e trabalho. Principalmente, trabalho e o corpo masculino: o que é culturalmente aceitável para um homem fazer e o que não é?

  Quarta, 15.06.2011, 13hs
 O Lutador, de Darren Aronofsky. Retrata do final de carreira de um lutador de luta livre. Seus temas incluem o uso instrumental (e até destrutivo) do corpo, envelhecimento e seus significados culturais, prestigio social e trabalho.

  Quarta, 22.06.2011, 13hs
 Bendito Fruto, de Sérgio Goldenberg. Raça, classe, gênero e cultura no Brasil. Novamente, vemos como marcadores de diferença, inscritos no corpo (como cor, raça, classe e sexo/gênero) condicionam limitações culturais nos relacionamentos efetivos e as estruturas familiares. Esta vez, porém, o contexto é brasileiro. 

  Quarta, 29.06.2011, 13hs
 Os Garotios da Minha Vida, de diretora Penny Marshall. Gravidez, gênero e a constituição da família. Responsabilidades sociais desiguais oriundas de um fato biológico: a gravidez.

Normas gerais para o trabalho final
Seja que for sua escolha, o trabalho deve ter entre 5 e 10 páginas (sem contar a bibliografia e a página de frente), fonte Times New Roman 12, espaço um e meia. O estilo é um ensaio, então deve responder às perguntas levantados num texto coerente com início, meio e fim.

Todas as normas universitárias referentes a plágio e e referências bibliográficas devem ser seguidas. Atribuições devem ser incluídas no texto cada vez que você cita as palavras de outro autor ou use as idéias de outro autor. Nota-se que você nunca pode fazer atribuições demais e o uso correto de atribuições é sua única defesa contra acusações de plágio. Como fazer uma atribuição? Simples: em parênteses, assim, logo após do material em questão (SOBRENOME DE AUTOR, data de publicação: página de onde retirou o material). Então, se você quer citar, por exemplo o Roque Laraia sobre a cultura, a atribuição correta seria (LARAIA, 1986: pagina tal). Se a ideia do autor é geral, só cita seu nome e a data. Se você não tem a data de publicação da obra, isto pode ser facilmente encontrada na internet, buscando pelo título. Em última instância, você pode usar “s/d” (que indica “sem data”).


Para com a bibliografia, ela fica ao final de seu trabalho e deve incluir todos os autores e obras que você citou em suas respostas, listadas em ordem alfabética pelo sobrenome do autor. Cada entrada na lista deve ser assim:


SOBRENOME, Nome. Data de publicação. Título. Título da coletânea, se tiver. Cidade de publicação: editor.

Então no caso de Laraia...


LARAIA, Roque. 1986. Cultura: Um Conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Zahar.

Não esqueça de incluir seu nome numa página de rosto!

O trabalho deve ser entregue impressa, nas minhas mãos, até as 17:00 horas na quarta feira, dia 6 de julho.

Não posso receber trabalhos por via da internet!


Subsídios para o trabalho...
...podem ser encontrados nos textos do curso e também aqui no blog.


Sobre o conceito de cultura, aqui.
Sobre o conceito do superorgânico, aqui.
Sobre determinismos (biológicos e culturais), aqui.
Sobre raça entre os seres humanos, aqui,
Sobre o Darwinismo Social, aqui.

Boa sorte! :D

domingo, 8 de maio de 2011

Jogo de Tribos (alunos da Biologia, Cultura e a Questão de Raça)



Gente,

Na terça feira, vamos reunir na churrascaria do NUPEM para fazer um jogo chamado de Tribos.

O jogo retrata da vida humana na alvorada da revolução cultural do paleolítico superior, +/- 50.000 anos atrás. Antes de jogar, porém, vocês devem ler as regras básicas do jogo, que podem ser encontradas aqui:

Regras para Tribos.

sábado, 30 de abril de 2011

Trabalho para terça feira, alunos do NUPEM

Gente, por favor, não se estresse com o trabalho de terça! Sim, vale nota, mas sou bastante calminha neste aspecto.

O que eu quero, acima de tudo, é discussão. Sinto que estou falando demais na aula e quero puxar o papo de vocês. Não tem como vocês fazeram um trabalho horrível desde que vocês chegam com algo para a conversa.

Colocando novamente a tarefa:

1) Encontrar algum argumento de racismo científico na internet, na mídia ou em qualquer lugar.

2) Apresenta o argumento na aula. Explique o argumento  para nós.

3) Critíca o argumento, usando as informações apresentadas na leitura e também nossas conversas na sala de aula.

A terceira parte dessa tarefa é menos importante, neste momento. Obviamente, não quero que vocês acham que esses argumentos racistas são fantásticos. O que quero é que vocês conseguem encará-los como argumentos científicos e discutí-los utilizando argumentos científicos. Sabemos que o racismo é ruim: o que quero saber é porque a enorme maioria dos biólogos e antropólogos hoje qualificam a raça como fato social e não biológico, pelo menos entre humanos.

A apresentação será oral, mas todo o grupo deve pelo menos discutir. E, obviamente, quero que vocês resumem seus achados no papel - um texto com menos de 5 páginas.

Se alguém está tendo dificuldades com o trabalho, por favor, não hesite em entrar em contato comigo: macunaima30@yahoo.com.br.





Para alegrar o domingo de vocês....

Na semana passada, foi perguntado como é que Presidente Obama é aceito entre os americanos. Falei do boato persistente - e, aos meus olhos, maluco - que ele não é cidadão americano e opinionei que tal "contraversia" jamais aconteceria com um presidente branco. Obama atrai essas maluquices simplesmente porque, nos olhos de muitos americanos, condicionados pelo racismo, ele "não aparece como presidente".

Bom, não é que a Casa Branca finalmente revelou o certificado?

E hoje Obama massacrou Donald Trump - uma das celebridades que publicamente duvidava de sua cidadania - no jantar dos jornalistas da Casa Branca. O fantástico é que o presidente só usou humor. Apresentou o cena de nascimento do Rei Leão, afirmando que era o vídeo de seu nascimento.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quem é "de cor"?
















Debora Costa encontrou essa propaganda maravilhosa que questiona quem é, de fato, "de cor". É excelente para desmantelar alguns preconceitos comuns sobre o que é cor. Pode ser visto aqui.

Obrigado, Debora!

Lembro vocês que podem me mandar qualquer coisa interessante que vocês encontram em suas pesquisas, que boto aqui para todos compartilharam.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Enciclopédia de conceitos




Muitos conceitos chaves apresentados nas aulas das últimas semanas já têm suas próprias páginas nesse blog e, portanto, não tem porque re-escrevé-los. Por causa disto, essa página aqui vai lhe servir como uma breve enciclopédia para os cocneitos cobertos na aula. Na medida que acresento algo, vou acresentar mais links aqui, então você deve sempre retornar a essa página para ver se houve alguma novidade.

Para ver o material sobre o conceito do superorgânico, clique nesse link aqui.

Informações sobre Darwinismo Social podem ser encontradas aqui.

Informações sobre Edward Tylor e o nascimento do conceito de cultura podem ser encontradas aqui.

Informações sobre o Franz Boas e o refinamento do conceito de cultura podem ser encontradas aqui.

Para os alunos do curso "Biologia, Cultura e o Conceito de Raça", informações sobre os conceitos de raciamo, racialismo e a teoria clinática podem ser encontradas aqui.

terça-feira, 29 de março de 2011

O Nascimento do Conceito de Cultura: E.B. Tylor


 E.B Tylor (1832-1917), fundador do conceito de "cultura".


Na aula do 23.03.2011, discutimos as noção do "superorgânico" (detalhada aqui) e a noção básica de cultura, definido para a primeira vez pelo antropólogo Edward Tylor em 1871.

O conceito de cultura, propriamente dito, continua uma linha de pensamento antigo na Europa a cerca das diferenças físicas e espirituais manifestas entre seres humanos: o monogenismo. Essa teoria estipulava a união psiquica básica de toda a espécie humana, seguindo os preceitos bíblicos que a humanidade descende-se, só e unicamente, de Adão e Eva. O monogenismo se opunhava o conceito de poligenismo, que estipulava que só os povos brancos e mediterraneos foram descendentes de Adão e Eva do Jardim de Eden, os outros povos do planeta sendo criado em outros lugares e momentos (ou por Deus ou pelo Diabo).

Embora seja uma simplificação brutal, podemos pensar em determinismo biológico e racismo como teorias descendentes de (ou aparentadas com) poligenismo enquanto o relativismo cultural tem uma pé firme na herança intelectual de poligenismo.

O conceito de cultura vem própriamente da união de duas outras ideías: kultur, um conceito alemão, utilizado para simbolizar todos os aspectos "espirituais" de uma comunidade (suas leis, tradições, pensamentos e etc.) e a civilización, um conceito francês que refere-se às realizações materiais de um povo (i.e. sua tecnologia).

Em sua obra principal (Cultura Primitiva (1871)), Tylor sintetiza esses dois conceitos para criar o conceito de cultura: essa palavra refere-se todas as possibilidades de realização humana, se opondo fortemente a idéia da transmissão biológica dos comportamentos humanos. Tylor define a cultura assim:

"Todo aquele complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquerido pelo homem como membro da sociedade".


Importante é notar aqui que essa definição contém quatro elementos fundamentais:


1) Em primeiro lugar, a cultura é um complexo - ou seja, o conjunto de todos os conhecimentos referidos por Tylor. Uma coisa não é "cultural" nesta definição e sim "parte de uma cultura".

2) A cultura é adquerida, não nata. Ela independe da biologia.

3) A cultura é adquerida por um indivíduo como membro de uma sociedade. É essa transmissão de saberes que é o ponto mais definitivo da cultura. O individuo, aprendendo sozinho sem mentor, não está agindo de uma maneira propriamente cultural.

4) Todas as capacidades adqueridas, sejam elas espirituais ou mais técnicos, fazem parte da cultura. A música, então, é propriamente cultural, mas a capacidade de dirigir um automóvel ou construir um reator nuclear também é.

Para essa semana (aula II), estaremos lendo e discutindo o primeiro capítulo do livro Genes, Povos e Línguas, já no xerox. Para semana 3, vamos discutir dois capítulos do livro Sociologia (já no xerox) e o livro Cultura, que pode ser encontrado aqui.

Biologia, Cultura e a Questão Racial: ementa, 1.2011



Biologia, Cultura e a Questão de Raça

Professor Dr. Thaddeus Gregory Blanchette Código: MAB111 3ª Feira: 13-17h


Ementa:
O objetivo do curso é discutir o conceito de raça e como essa idéia tem sido aplicada historicamente aos seres humanos na luz dos entendimentos da Antropologia Cultural. Apresentaremos as noções de natureza e de cultura, discutindo a interação entre o social e o biológico. Olharemos para a raça como conceito biológico e como isso tem sido aplicado aos seres humanos, tocando nas histórias imbricadas de racismo e racialismo. Detalharemos a antropologia como campo de conhecimento e discutiremos a evolução humana na luz do conceito do superorgânico de A.E. Kroeber. Apontaremos as distinções entre o conceito de distribuição clinática de atributos versus o modelo racialista. O intuito do curso é posicionar os alunos de Ciências Biológicas frente às principais discussões sobre a questão da (não) existência das raças humanas.

Avaliação: 
A nota do curso será determinada a partir da seguinte formulário:
- 10% presença. O aluno que não comparecer a pelo menos 75% das aulas será reprovado.
- 45% Participação na aula. Leitura e discussão dos textos. Entrega dos trabalhos práticos.
- 45% Trabalho final. Não mais que 10 páginas, espaço 1,5, letra Times New Roman tamanho 12, sem contar a bibliografia.

Informações de contato para Professor Thaddeus:
Fone: 21-9871-1963 E-mail: macunaima30@yahoo.com.br
Horário para consultas individuais: 3ª feira, 11:00-13:00hs, na cantina.

Semana 1 Introdução ao curso: o que é raça? Organização de grupos de trabalho.

Semana 2 Distribuição clinática de genes versus o conceito de raça. Leitura: Luigi Luca Cavalli-Sforza, Genes, Povos e Línguas. Capítulo 1.

Semana 3 O superorgânico. Leitura: Giddens, Sociologia. Capítulos 1 e 2.

Semana 4 e 5 O homem no conceito antropológico. Leitura: Laraia, Cultura.

Semana 6 A evolução humana e cultura. Leitura: Luigi Luca Cavalli-Sforza, Genes, Povos e Línguas. Capítulo 6. Leitura opcional: Kuper, The Chosen Primate. Capítulos 3 e 4.

Semana 7 e 8 Noções clássicas de raça: do Darwin ao Hitler. Leitura: Hitler, Minha Luta (seleções a serem indicadas por Professor Thaddeus.

Semana 9 Entrega do trabalho de grupo.

Semana 10 e 11 Confrontando raça. Leitura: Gould, A Falsa Medida do Homem. Cada grupo apresentará um capítulo.

Semana 12 e 13 Vinhos velhos em garrafas novas? Novas idéias sobre a biologia humana. Leitura: Luigi Luca Cavalli-Sforza, Genes, Povos e Línguas. Capítulo 3. Leitura opcional: Brace, Race is a four letter word. Capítulos 1, 17, 18 e 19.

Semana 14 Etnicidade versus raça: a perspectiva antropológica. Leitura: Barth, “Introdução”.
Filme: Sonhos Tropicais.

Semana 15 Raça e eugenia no Brasil. Leitura: Freyre, Casa Grande e Senzala; Cuikerman, Yes, nos temos Pasteur; Schwartz, O espectáculo das raças. Maio: Raça, ciência e sociedade. Seleções. Cada grupo apresentará um livro.


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BARTH, F. “Introduction”. In: Ethnic Groups and Boundaries. George Allen & Unwin. 1969.
BRACE, C. L. Race is a Four Letter Word: The Genesis of the Concept. NYC: Oxford University Press. 2005
CAVALLI-SFIRZA, L.L. Genes, Povos e Línguas. SP: Companhia das Letras. 2000.
GIDDENS, A. Sociologia. SP: Artmed Editora. 2005.
GOULD, S.J. A Falsa Medida do Homen. SP: Martins Fontes. 2003.
HITLER, A. Minha Luta. (http://www.reidoebook.com/2009/03/rei-do-ebook-minha-luta.html)
KUPER, A. The Chosen Primate. London: Harvard University Press. 1994.
LARAIA, R Cultura: Um Conceito Antropológico. RdJ: Jortge Zahar. 2005.
FREYRE, G Casa Grande e Senzala. Recife: Fundação Gilberto Freyre. 1992.


Blog da turma: http://racabionupem.blogspot.com/ Isto será usado para discutir ou comentar o material apresentado nas aulas. Os comentários podem ser anônimos. Tambem pode ser usado para distribuir textos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ritos Corporais Entre Os Sonacirema



O antropólogo está tão familiarizado com a diversidade das formas de comportamento que diferentes povos apresentam em situações semelhantes, que é incapaz de surpreender-se mesmo em face dos costumes mais exóticos. De fato, se nem todas as combinações logicamente possíveis de comportamento foram ainda descobertas, o antropólogo bem pode conjeturar que elas devam existir em alguma tribo ainda não descrita.

Deste ponto de vista, as crenças e práticas mágicas dos Sonacirema apresentam aspectos tão inusitados que parece apropriado descrevê-los como exemplo dos extremos a que pode chegar o comportamento humano. Foi o Professor Linton, em 1936, o primeiro a chamar a atenção dos antropólogos para os rituais dos Sonacirema, mas a cultura desse povo permanece insuficientemente compreendida ainda hoje.

Trata-se de um grupo norte-americano que vive no território entre os Cree do Canadá, os Yaqui e os Tarahumare do México, e os Carib e Arawak das Antilhas. Pouco se sabe sobre sua origem, embora a tradição relate que vieram do leste. Conforme a mitologia dos Sonacirema, um herói cultural, Notgnihsaw, deu origem à sua nação; ele é, por outro lado, conhecido por duas façanhas de força: ter atirado um colar de conchas, usado pelos Sonacirema como dinheiro, através do rio Po- To- Mac e ter derrubado uma cerejeira na qual residiria o Espírito da Verdade.

A cultura dos Sonacirema caracteriza-se por uma economia de mercado altamente desenvolvida, que evolui em um rico habitat. Apesar do povo dedicar muito do seu tempo às atividades econômicas, uma grande parte dos frutos deste trabalho e uma considerável porção do dia são dispensados em atividades rituais. O foco destas atividades é o corpo humano, cuja aparência e saúde surgem como o interesse dominante no ethos deste povo. Embora tal tipo de interesse não seja, por certo, raro, seus aspectos cerimoniais e a filosofia a eles associadas são singulares.

A crença fundamental subjacente a todo o sistema parece ser a de que o corpo humano é repugnante e que sua tendência natural é para a debilidade e a doença. Encarcerado em tal corpo, a única esperança do homem é desviar estas características através do uso das poderosas influências do ritual e do cerimonial. Cada moradia tem um ou mais santuários devotados a este propósito. Os indivíduos mais poderosos desta sociedade têm muitos santuários em suas casas e, de fato, a alusão à opulência de uma casa, muito freqüentemente, é feita em termos do número de tais centros rituais que possua. Muitas casas são construções de madeira, toscamente pintadas, mas as câmeras de culto das mais ricas têm paredes de pedra. As famílias mais pobres imitam as ricas, aplicando placas de cerâmica às paredes de seu santuário.

Embora cada família tenha pelo menos um de tais santuários, os rituais a eles associados não são cerimônias familiares, mas sim cerimônias privadas e secretas. Os ritos, normalmente, são discutidos apenas com as crianças e, neste caso, somente durante o período em que estão sendo iniciadas em seus mistérios. Eu pude, contudo, estabelecer contato suficiente com os nativos para examinar estes santuários e obter descrições dos rituais.

O ponto focal do santuário é uma caixa ou cofre embutido na parede. Neste cofre são guardados os inúmeros encantamentos e poções mágicas sem os quais nenhum nativo acredita que poderia viver. Tais preparados são conseguidos através de uma serie de profissionais especializados, os mais poderosos dos quais são os médicos-feiticeiros, cujo auxilio deve ser recompensado com dádivas substanciais. Contudo, os médicos-feiticeiros não fornecem a seus clientes as poções de cura; somente decidem quais devem ser seus ingredientes e então os escrevem em sua linguagem antiga e secreta. Esta escrita é entendida apenas pelos médicos-feiticeiros e pelos ervatários, os quais, em troca de outra dadiva, providenciam o encantamento necessário. Os Sonacirema não se desfazem do encantamento após seu uso, mas os colocam na caixa-de-encantamento do santuário doméstico. Como tais substâncias mágicas são especificas para certas doenças e as doenças do povo, reais ou imaginárias, são muitas, a caixa-de-encantamentos está geralmente a ponto de transbordar. Os pacotes mágicos são tão numerosos que as pessoas esquecem quais são suas finalidades e temem usá-los de novo. Embora os nativos sejam muito vagos quanto a este aspecto, só podemos concluir que aquilo que os leva a conservar todas as velhas substâncias é a idéia de que sua presença na caixa-de-encantamentos, em frente à qual são efetuados os ritos corporais, irá, de alguma forma, proteger o adorador.

Abaixo da caixa-de-encantamentos existe uma pequena pia batismal. Todos os dias cada membro da família, um após o outro, entra no santuário, inclina sua fronte ante a caixa-de-encantamentos, mistura diferentes tipos de águas sagradas na pia batismal e procede a um breve rito de ablução. As águas sagradas vêm do Templo da Água da comunidade, onde os sacerdotes executam elaboradas cerimônias para tornar o líquido ritualmente puro.

Na hierarquia dos mágicos profissionais, logo abaixo dos médicos-feiticeiros no que diz respeito ao prestígio, estão os especialistas cuja designação pode ser traduzida por "sagrados-homens-da-boca". Os Sonacirema têm um horror quase que patológico, e ao mesmo tempo fascinação, pela cavidade bucal, cujo estado acreditam ter uma influência sobre todas as relações sociais. Acreditam que, se não fosse pelos rituais bucais seus dentes cairiam, seus amigos os abandonariam e seus namorados os rejeitariam. Acreditam também na existência de uma forte relação entre as características orais e as morais: Existe, por exemplo, uma ablução ritual da boca para as crianças que se supõe aprimorar sua fibra moral.

O ritual do corpo executado diariamente por cada um dos Sonacirema inclui um rito bucal. Apesar de serem tão escrupulosos no cuidado bucal, este rito envolve uma prática que choca o estrangeiro não iniciado, que só pode considerá-lo revoltante. Foi-me relatado que o ritual consiste na inserção de um pequeno feixe de cerdas de porco na boca juntamente com certos pós mágicos, e em movimentá-lo então numa série de gestos altamente formalizados. Além do ritual bucal privado, as pessoas procuram o mencionado sacerdote-da-boca uma ou duas vezes ao ano. Estes profissionais têm uma impressionante coleção de instrumentos, consistindo de brocas, furadores, sondas e aguilhões. O uso destes objetos no exorcismo dos demônios bucais envolve, para o cliente, uma tortura ritual quase inacreditável. O sacerdote-da-boca abre a boca do cliente e, usando os instrumentos acima citados, alarga todas as cavidades que a degeneração possa ter produzido nos dentes. Nestas cavidades são colocadas substâncias mágicas. Caso não existam cavidades naturais nos dentes, grandes seções de um ou mais dentes são extirpadas para que a substância natural possa ser aplicada. Do ponto de vista do cliente, o propósito destas aplicações é tolher a degeneração e atrair amigos. O caráter extremamente sagrado e tradicional do rito evidencia-se pelo fato de os nativos voltarem ao sacerdote-da-boca ano após ano, não obstante o fato de seus dentes continuarem a degenerar.

Esperemos que quando for realizado um estudo completo dos Sonacirema haja um inquérito cuidadoso sobre a estrutura da personalidade destas pessoas, Basta observar o fulgor nos olhos de um sacerdote-da- boca, quando ele enfia um furador num nervo exposto, para se suspeitar que este rito envolve certa dose de sadismo. Se isto puder ser provado, teremos um modelo muito interessante, pois a maioria da população demonstra tendências masoquistas bem definidas.

Foi a estas tendências que o Prof. Linton (1936) se referiu na discussão de uma parte específica dos ritos corporal que é desempenhada apenas por homens. Esta parte do rito envolve raspar e lacerar a superfície da face com um instrumento afiado. Ritos especificamente femininos têm lugar apenas quatro vezes durante cada mês lunar, mas o que lhes falta em freqüência é compensado em barbaridade. Como parte desta cerimônia, as mulheres usam colocar suas cabeças em pequenos fornos por cerca de uma hora. O aspecto teoricamente interessante é que um povo que parece ser preponderantemente masoquista tenha desenvolvido especialistas sádicos.

Os médicos-feiticeiros têm um templo imponente, ou latipsoh, em cada comunidade de certo porte. As cerimônias mais elaboradas, necessárias para tratar de pacientes muito doentes, só podem ser executadas neste templo. Estas cerimônias envolvem não apenas o taumaturgo, mas um grupo permanente de vestais que, com roupas e toucados específicos, movimentam-se serenamente pelas câmaras do templo.

As cerimonias latipsoh são tão cruéis que é de surpreender que uma boa proporção de nativos realmente doentes que entram no templo se recuperem. Sabe-se que as crianças pequenas, cuja doutrinação ainda é incompleta, resistem às tentativas de levá-las ao templo, porque "é lá que se vai para morrer". Apesar disto, adultos doentes não apenas querem mas anseiam por sofrer os prolongados rituais de purificação, quando possuem recursos para tanto. Não importa quão doente esteja o suplicante ou quão grave seja a emergência, os guardiões de muitos templos não admitirão um cliente se ele não puder dar uma dádiva valiosa para a administração. Mesmo depois de ter-se conseguido a admissão, e sobrevivido às cerimônias, os guardiães não permitirão ao neófito abandonar o local se ele não fizer outra doação.

O suplicante que entra no templo é primeiramente despido de todas as suas roupas. Na vida cotidiana os Sonacirema evita a exposição de seu corpo e de suas funções naturais. As atividades excretoras e o banho, enquanto parte dos ritos corporais, são realizados apenas no segredo do santuário doméstico. Da perda súbita do segredo do corpo quando da entrada no latipsoh, podem resultar traumas psicológicos. Um homem, cuja própria esposa nunca o viu em um ato excretor, acha-se subitamente nu e auxiliado por uma vestal, enquanto executa suas funções naturais num recipiente sagrado. Este tipo de tratamento cerimonial é necessário porque os excreta são usados por um adivinho para averiguar o curso e a natureza da enfermidade do cliente. Clientes do sexo feminino, por sua vez, têm seus corpos nus submetidos ao escrutínio, manipulação e aguilhadas dos médicos-feiticeiros.

Poucos suplicantes no templo estão suficientemente bons para fazer qualquer coisa além de jazer em duros leitos. As cerimônias diárias, como os ritos do sacerdote-da-boca, envolvem desconforto e tortura. Com precisão ritual as vestais despertam seus miseráveis fardos a cada madrugada e os rolam em seus leitos de dor enquanto executam abluções, com os movimentos formais nos quais estas virgens são altamente treinadas. Em outras horas, elas inserem bastões mágicos na boca do suplicante ou o forçam a engolir substâncias que se supõe serem curativas.

De tempos em tempos o médico-feiticeiro vem ver seus clientes e espeta agulhas magicamente tratadas em sua carne. O fato de que estas cerimônias do templo possam não curar, e possam mesmo matar o neófito, não diminui de modo algum a fé das pessoas no médico feiticeiro.

Resta ainda um outro tipo de profissional, conhecido como um "ouvinte". Este "doutor-bruxo" tem o poder de exorcizar os demônios que se alojam nas cabeças das pessoas enfeitiçadas. Os Sonacirema acreditam que os pais enfeitiçam seus próprios filhos; particularmente, teme-se que as mães lancem uma maldição sobre as crianças enquanto lhes ensinam os ritos corporais secretos. A contra-magia do doutor bruxo é inusitada por sua carência de ritual. O paciente simplesmente conta ao "ouvinte" todos os seus problemas e temores, principalmente pelas dificuldades iniciais que consegue rememorar. A memória demonstrada pelos Sonacirema nestas sessões de exorcismo é verdadeiramente notável. Não é incomum um paciente deplorar a rejeição que sentiu, quando bebê, ao ser desmamado, e uns poucos indivíduos reportam a origem de seus problemas aos feitos traumáticos de seu próprio nascimento.

Como conclusão, deve-se fazer referência a certas práticas que têm suas bases na estética nativa, mas que decorrem da aversão profunda ao corpo natural e suas funções. Existem jejuns rituais para tornar magras pessoas gordas, e banquetes cerimoniais para tornar gordas pessoas magras. Outros ritos são usados para tornar maiores os seios das mulheres que os têm pequenos e torná-los menores quando são grandes. A insatisfação geral com o tamanho do seio é simbolizada no fato de a forma ideal estar virtualmente além da escala de variação humana. Umas poucas mulheres, dotadas de um desenvolvimento hipermamário quase inumano, são tão idolatradas que podem levar uma boa vida simplesmente indo de cidade em cidade e permitindo aos embasbacados nativos, em troca de uma taxa, contemplarem-nos.

Já fizemos referência ao fato de que as funções excretoras são ritualizadas, rotinizadas e relegadas ao segredo. As funções naturais de reprodução são, da mesma forma, distorcidas. O intercurso sexual é tabu enquanto assunto, e é programado enquanto ato. São feitos esforços para evitar a gravidez, pelo uso de substâncias mágicas ou pela limitação do intercurso sexual a certas fases da lua. A concepção é na realidade, pouco freqüente. Quando grávidas as mulheres vestem-se de modo a esconder o estado. O parto tem lugar em segredo, sem amigos ou parentes para ajudar, e a maioria das mulheres não amamenta seus rebentos.

Nossa análise da vida ritual dos Sonacirema certamente demonstrou ser este povo dominado pela crença na magia. É difícil compreender como tal povo conseguiu sobreviver por tão longo tempo sob a carga que impôs sobre si mesmo. Mas até costumes tão exóticos quanto estes aqui descritos ganham seu real significado quando são encarados sob o ângulo relevado por Malinowski, quando escreveu:

"Olhando de longe e de cima de nossos altos postos de segurança na civilização desenvolvida, é fácil perceber toda a crueza e irrelevância da magia. Mas sem seu poder de orientação, o homem primitivo não poderia ter dominado, como o fêz, suas dificuldades práticas, nem poderia ter avançado aos estágios mais altos da civilização".

Antropologia Cultural, 1o Semestre, 2011



FCA 218 – Antropologia Cultural - Enfermagem
Prof. Thaddeus Gregory Blanchette
2011- 1
Quartas, 13:00 às 17:00

O curso é uma introdução básica à antropologia cultural, com ênfase em discussões sobre o corpo e sua constituição sociobiológico. A avaliação do curso se dará por participação nas aulas (apresentação e discussão de textos) e um trabalho final, que será entregue em Junho.

As informações de contato para o professor são: 21-9781-1963, 21-9781-1963, macunaima30@yahoo.com.br.

Nossa turma tambem terá esse blog, através do qual eu tentarei distribuir informações e textos.

O primeiro texto importante do curso, "Cultura" de Roque Laraia, pode ser encontrado aqui e abaixo, clicando no link do título. O texto dos Sonarcirema será lido na aula pela turma, mas tambem pode ser encontrado na próxima entrada nesse blog.

16/03 Apresentação do curso: A Antropologia como campo de conhecimento.
Miner, Horace. “Ritos Corporais entre os Sonacirema”.

23/03 As noções de natureza e cultura e desenvolvimento da antropologia. Antropologia como resposta ao etnocentrismo.
Laraia, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

30/03  A Antropologia e as demais ciências sociais; as concepções de sociedade e cultura.
DaMatta, Roberto. Relativizando: Uma Introdução à Antropologia Social. Rio de Janeiro: Rocco, 1982. 1ª Parte (17-58)

06/04 A pesquisa de campo e a etnografia como método de fazer teoria em Antropologia.Malinowski, B.
‘Introdução’. Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1922.
'Introdução' .Foote-Whyte, William. A Sociedade da Esquina. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.

13/04 Raça, Biologia e Cultura
Luigi L. Cavalli-Sforza. Genes, povos e línguas. São Paulo, Companhia das Letras, 2003.

20/04 Apresentação dos trabalhos referente ao livro de Stephen J. Gould: A Falsa Medida do Homem.
27/04 Sexo e Gênero
Laqueur, Thomas. Inventando o Sexo Corpo e Genero, dos Gregos a Freud. SP: Relume Dumara, 2009.

04/05 A Antropologia na Saúde
Porto, Madge, Cecilia McCallum, Russel Parry Scott, Heloísa Mendonça de Moraes 2003. ‘A saúde da mulher em situação de violência: Representações e decisões de gestores/as municipais do Sistema Único de Saúde’. Caderno de Saúde Pública 19(Sup. 2): S243-S252.

McCallum, Cecília e Ana Paula dos Reis 2006. ‘Resignificando a dor e superando a solidão: experiências do parto entre adolescentes de classes populares atendidas em uma maternidade pública de Salvador’. Caderno de Saúde Pública 22(7): 1483-1491.

Souza, Iara Maria Almeida de 2007. ‘Produzindo Corpo, Doença e Tratamento no Ambulatório: Apresentação de Casos e Registros em Prontuário’. Mana. Estudo de Antropologia Social 13(2): 471-496.