quinta-feira, 6 de maio de 2010

Tribos - regras básicas do jogo

É 50.000 anos A.C. Você sabe onde estão seus filhos?

Como discutimos na aula, a semana que vem vamos fazer uma experiência: vamos jogar Tribos, jogo escrito por Steve Jackson e David Brin que pretende ilustrar a vai-e-volta entre o "tempo longo" da evolução biológica e o "tempo curto" da evolução cultural.

Os jogadores serão todos membros de pequenas bandas de homo sapiens sapiens no início do paleolítico superior, a época em a cultura humana começou, de acordo com muitos antropólogos e biólogos. Provavelmente, teremos duas ou três bandas de 4-8 jogadores cada.

Objetivo do jogo
O objetivo do jogo é ter o maior número de crianças adultas vivas após de 40 turnos (20 anos). Não sei se vamos conseguir jogar todos os turnos, então vamos premiar o homem e a mulher que tiver mais prole e a banda que, coletivamente, tiver mais prole no final da aula.

Regras Básicas
1) Todo jogador terá um personagem, que serão distribuidos por mim antes do jogo começar. Os personagens são divididos por gênero (homem ou mulher). Cada personagem tem uma habilidade: ou é caçador, coletor, ou artesão. Caçadores caçam comida, coletores colhetam comida e artesões fabricam pontos de lança (que são úteis para a caça) ou cestas (que são úteis para a colheita).

2) Todo turno tem três fases: trabalhar, comer e reproduzir.

3) Trabalhar: caçadores e coletores buscam comida e artesões fabricam ou pontos de lança ou cestas. Successo nessas tarefas não é automático.

4) Comer: cada adulto come 4 pontos de comida. Cada criança come 2. Se não tiver comida suficiente, você morre e está fora do jogo. Certas situações podem fazer você comer mais: doenças, movimento da banda para outro campo de caça, gravidez, etc.

5) Reproduzir: cada membro do tribo pode convidar qualquer membro do sexo oposto para tentar reproduzir. Gravidez não é automatico.

6) Crianças: alguém tem que cuidar das crianças da banda. Um artesão ou coletor pode cuidar de duas crianças, sem problemas. Uma pessoa que resolve não fazer nada além de cuidar de crianças podem cuidar de até 5. Caçadores não podem cuidar de crianças. Crianças que não tem um guardião podem morrer.

Preparando-se para o jogo
Por favor, chega no gazebo do NUPEM pronto para jogar. Precisaremos de dados, então por favor, traz quaisquer dados que tiver em casa.

1) Se você tem preferências de equipe, então é bom se organizar antes do jogo começar.

2) Antes do início do jogo, tivermos uma rodada de "Leis", onder as leis (i.e. os costumes sociais) das bandas serão decididas por voto majoritário. Leis podem ser qualquer coisa que vocês querem inventar, tipo leis sobre casamento, divórcio, etc. Então chega na aula já pensando sobre as leis que você quer para sua banda.

Conflitos
Quaisquer conflitos no jogo serão resolvidos por "intimidação" ou por "briga" (tem regras específicas para resolver essas questões). Nota-se: em 50.000 AC, não existia hospitais ou clínicas do SUS. Portanto, tomem cuidado com as brigas: os personagens que se machuquem podem ficar aleijados para o resto de suas vidas.

Conflitos e comércio entre as bandas
Presumimos que todas as bandas vivem na mesma região, então se vocês querem entrar em contato para fins de guerra, comércio, para arranjar maridos/esposas, ou para qualquer outra razão, é só me avisar durante o jogo.

O juiz
Eu sou o juiz. Se você quer fazer algo clandestinamente (fora do visto dos outros jogadores), é só me avisar. Qualquer decisão minha sobre o jogo, incluindo eventuais mudanças nas regras, é final.

Sugestões
Esse jogo pode demorar ou ir rapidamente e tudo depende de vocês. O objetivo e se divertir e - espero eu - aprender algo sobre as condições prováveis da vida humana no início da nossa constituição como espécie superorgânico. Para vocês que têm jogado RPG em algum momento: isto não é um RPG. É um modelo da vida assim-chamada primitiva. Conflitos armados matam fácilmente e acidentes geralmente são fatais. As crianças (que são, afinal das contas, nossa medida de vitória no jogo) serão extremamente vulneráveis se vocês não trabalham juntos para as proteger. Valentia e porrada podem ser divertidos num jogo como Dungeons e Dragons: em Tribos, tal comportamento deve ser o último recurso (como geralmente era na vida real nessa época).

Boa diversão!

Até quarta feira, posso responder às perguntas escritas nos "comentários", abaixo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O desenvolvimento do conceito de cultura


Franz Boas (1858-1942), demonstrando um ritual indígena no museu nacional dos EUA em 1895.


O conceito de cultura, propriamente dito, continua uma linha de pensamento antigo na Europa a cerca das diferenças físicas e espirituais manifestas entre seres humanos: o monogenismo. Essa teoria estipulava a união psiquica básica de toda a espécie humana, seguindo os preceitos bíblicos que a humanidade descende-se, só e unicamente, de Adão e Eva. O monogenismo se opunhava o conceito de poligenismo, que estipulava que só os povos brancos e mediterraneos foram descendentes de Adão e Eva do Jardim de Eden, os outros povos do planeta sendo criado em outros lugares e momentos (ou por Deus ou pelo Diabo).

Embora seja uma simplificação brutal, podemos pensar em determinismo biológico e racismo como teorias descendentes de (ou aparentadas com) poligenismo enquanto o relativismo cultural tem uma pé firme na herança intelectual de poligenismo.

O conceito de cultura vem própriamente da união de duas outras ideías: kultur, um conceito alemão, utilizado para simbolizar todos os aspectos "espirituais" de uma comunidade (suas leis, tradições, pensamentos e etc.) e a civilización, um conceito francês que refere-se às realizações materiais de um povo (i.e. sua tecnologia).

Em sua obra principal (Cultura Primitiva (1871)), Edward Tylor (1832-1917) sintetiza esses dois conceitos para criar o conceito de cultura: essa palavra refere-se todas as possibilidades de realização humana, se opondo fortemente a idéia da transmissão biológica dos comportamentos humanos. Tylor define a cultura como "todo aquele complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquerido pelo homem como membro da sociedade".

Um problema com a definição de Tylor é que ele ainda aceitou a noção de uma escala comparativa de cultura - ou seja, a idéia de que tinha culturas superiores e inferiores. (Veja-se o livro de Roque Laraia, Cultura, Capitulo 4, segunda página, para mais informações.)

Franz Boas (1858-1942) completa o desenvolvimento da noção moderna de cultura, postulando o relativismo cultural: “culturas” (plural) versus “cultura” (singular). 

Apontava que cada cultura é uma unidade integrada, fruto de um desenvolvimento histórico peculiar. Boas enfatizou a independência dos fenômenos culturais com relação às condições geográficas e aos determinantes biológicos, afirmando que a dinâmica da cultura está na interação entre os indivíduos e sociedade. Para eles, o fato de ocorrerem fenômenos semelhantes em épocas e lugares diferentes, provava a existência de uma origem comum da humanidade. Boas, pelo contrário, afirmava que esses fenômenos similares poderiam ter se originado por caminhos diversos, e que o mesmo fenômeno tem sentidos variados em cada cultura. Antes de se fazerem suposições, devia-se investigar a fundo as causas dos fenômenos, utilizando-se da investigação histórica, tão defendida por ele. Boas inaugura o conceito de culturas, no plural, que cada uma delas tem sua própria história; contrapondo com o pensamento evolucionista que concebia uma cultura humana universal. Segundo Boas, todas as culturas são dinâmicas, sofrem mudanças ao longo do tempo. O objetivo da pesquisa antropológica de Boas seria compreender os fenômenos dessas culturas particulares, o sentido que os elementos de cada cultura tem para seus membros, e não estabelecer leis gerais, como pensavam os evolucionistas.

A.L. Kroeber (1876-1960) é o último "pai" da noção moderna de cultura. Ele desenvolve o conceito do superorganico em 1917, postulando a supremacia da cultura sobre a biologia no comportamento humano. Amplia-se o conceito de cultura e declara sua supremacia nos assuntos humanos.

Como Opera a Cultura

1) Cultura condiciona a visão do mundo do homem. Forma-se uma lente através do qual o mundo é visto. Fisicamente, até: os esquimos o o cor branco. Etnocentrismo: entender o mundo como se seus valores fossem os mesmos de todo mundo.

2) A cultura interfere no plano da biologia. Banzo. Couvade.

3) Os individuos participam diferentemente de suas cultura. Velhos e novos, mulheres e homens, posições de trabalho diferenciadas.

4) A cultura tem uma lógica própria. Os homens bombas “malucos”. A coerência de um hábito social só pode ser analisado a partir do sistema a que pertencer.

5) A cultura é dinâmica. Ela muda, sempre. Não existe cultura fossilizada.

(Fontes: Wikipedia e Laraia)

Eugenia


Francis Galton, 1822-1911
Primo de Charles Darwin
Fundador da eugenia
Obra principal: Gênio hereditário, 1869



Eugenia é um termo cunhado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente. Em outras palavras, melhoramento genético.

O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a ter um movimento eugênico organizado. A Sociedade Eugênica de São Paulo foi criada em 1918. O movimento eugênico no Brasil foi bastante heterogêneo, trabalhando com a saúde pública e com a saúde psiquiátrica. Uma parte, que pode ser chamada de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas como saneamento e higiene, sendo esses esforços sempre aplicados em relação ao movimento racial.

Quadro "Redenção de Can" (1895, avó negra, filha mulata, genro e neto brancos). Para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de Modesto Brocos y Gomes.

(Fonte: Wikipedia)

O quadro "A Redenção de Can" do pintor Modesto Brocas y Gomes (1895) hoje faz parte da coleção de arte nacional amostra no Museu Nacional das Belas Artes no Rio de Janeiro. Nele, vemos uma ilustração gráfica da eugenia à brasileira: uma avó negra lança as mãos aos céus por seu neto ter nascido branco.

Darwinismo Social



Herbert Spencer, 1820-1903
Obra principal: Princípios de Biologia, 1864
Cunhou a frase “sobrevivência dos mais aptos”.
Popularizou o Darwinismo social



De acordo com esse pensamento, existiriam características biológicas e sociais que determinariam que uma pessoa é superior à outra e que as pessoas que se enquadrassem nesses critérios seriam as mais aptas. Geralmente, alguns padrões determinados como indícios de superioridade em um ser humano seriam o maior poder aquisitivo e a habilidade nas ciências humanas e exatas em detrimento das outras ciências, como a arte, por exemplo, e a raça da qual ela faz parte.

Um conjunto de pensadores atribui a fonte do darwinismo social ao próprio Darwin, que na sua obra, A Origem do Homem, havia aplicado o sua teoria ao mundo social. Nesta obra, Darwin ocupa-se da evolução humana e ao fazê-lo aplica os mesmos critérios que utiliza em A Origem das Espécies. Entretanto, foi Herbert Spencer o autor que popularizou a idéia de que grupos e sociedades evoluem através do conflito e da competição. A teoria de Darwin diz também que no mundo sobrevive o mais forte por isso há a evolução, os seres vivos evoluem para cointinuar vivo, o homem é um grande exemplo disso.

(fonte: wikipedia)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Leituras para essa semana: Kuper e Antropologia

Peço desculpas por alguns erros que aconteceram no xerox nessa semana. Aparentemente, o xerox esqueceu de incluir o capa do livro entre os itens xerocados, dificultando, assim, o recolhimento do material.

Sabe, então, que os capítulos do livro de Kuper são 3 e 4: "A Human Way of Life" e "The Evolution of Culture". O texto adicional, em português, só foi colocado na semana passada e vem do livro "Antropologia". É fácil reconhecer, pois o livro ainda se encontra no xerox.