sexta-feira, 20 de maio de 2011

1o Filme: Dzi Croquettes (Antropologia Cultural para Enfermagem)






















O primeiro filme que assistimos em nossa série foi Dzi Croquettes, direcionado por Tatiana Issa e Raphael Alvarez. O filme retrata o grupo teatral do mesmo nome, seguindo sua carreira audaciosa durante os anos mais negros da ditadura brasileira. Para vocês que queiram mais informações sobre o grupo, esse blog aqui pode lhe oferecer recursos.

Ante e após do filme, pensamos em uma série de perguntas úteis que poderiam ser feitos sobre o nexo cultura/corpo e como o grupo expressava esse. As perguntas incluém:

1) Quais eram as regras culturais/sociais que os Dzi quebraram referente ao corpo, tanto em suas produções quanto em suas vidas fora do palco?

2) Quais são algumas das novidades culturais que os Dzi trouxeram para o cena teatral brasileiro. particularmente com referência ao corpo? Lembra que discutimos na aula sobre a questão da "cultura brasileira" e se tal coisa realmente existe. Eu apresentava a teoria de Max Weber de ação social, um comportamento humano ao qual os indivíduos vinculam um significado subjetivo e a ação. Sob essa ótica, os Dzi estavam combinando determinados significados, alguns vindo de meios sociais brasileiros e outros oriundos de fontes diferentes, para produzir uma ação social diferente. Como é que eles fizeram isto? Quais eram os elementos que combinavam no palco? Oriundos da onde?

3) Como é que os Dzi encaixaram no cenário cultural da época? O que que eles desafiaram com suas representações corporais e como? O que era radical no performance deles, dado o cenário socio-cultural do Brasil no início da década de 1970?

4) Oito dos Dzi já morreram e morreram jovens. 4 morreram de AIDS, 3 por assassinatos e 1 por anuerisma cerebral (condição que pode ser causada pelo uso de cocaina). Quais práticas de corpo poderiam ter deixados eles vulneráveis (e não, "homosexualidade" não é resposta adequada para esta pergunta). Alternativamente, quais práticas de corpo ajudaram eles a sobreviver determinadas situações que, provavelmente, teria matada eu e você?

5) Quais elementos culturais entraram em cena por causa dos Dzi? Suas práticas simbólicas foram adaptadas e utilizadas por quem? O que você reconhece no Brasilo de hoje, em suas práticas, que plausívelmente pode ter originada com os Dzi?







 6) Finalmente, olhando para a questão de gênero, o que que os Dzi aparentemente pregavam? Eram, como Liza Minelli dizia, um movemento avante-garde gay? Essa última pergunta é bastante subjetiva e não tem resposta certo ou errado: simplesmente quero saber o que vocês acham.

 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Trabalho Final de Semestre, turma da enfermagem (FCA218)
























Para finalizar nossa disciplina, vocês podem escolher um de dois trabalhos escritos, detalhados abaixo. Eu estarei em nossa sala de aula (215a) toda quarta feira a partir das 13:00hs para responder as suas dúvidas ou perguntas.

Trabalho final da disciplina: análise de artigos

Leia os três artigos referentes às pesquisas qualitativas nas questões de saúde. Escolha DOIS dos três artigos e analisa-los na luz das teorias sobre a cultura apresentadas no curso. Utilize as leituras do curso, particularmente aquelas que tratam da construção socio-cultural do corpo, para responder às seguintes questões:

1) Nos casos apresentados, como é que a cultura impacta nos corpos dos indivíduos estudados?

2) Nos casos apresentados, como é que a cultura afeita o tratamento que essas pessoas recebem do sistema de saúde?

Ambas estes pontos devem ser abordados em ambos os artigos que você escolhe retratar. Os três artigos estão todos no xerox. São:

1)   Porto, Madge, Cecilia McCallum, Russel Parry Scott, Heloísa Mendonça de Moraes 2003. ‘A saúde da mulher em situação de violência: Representações e decisões de gestores/as municipais do Sistema Único de Saúde’. Caderno de Saúde Pública 19(Sup. 2): S243-S252.

2)     McCallum, Cecília e Ana Paula dos Reis 2006. ‘Resignificando a dor e superando a solidão: experiências do parto entre adolescentes de classes populares atendidas em uma maternidade pública de Salvador’. Caderno de Saúde Pública 22(7): 1483-1491.
3)  
    Souza, Iara Maria Almeida de 2007. ‘Produzindo Corpo, Doença e Tratamento no Ambulatório: Apresentação de Casos e Registros em Prontuário’. Mana. Estudo de Antropologia Social 13(2): 471-496

Trabalho final da disciplina: análise de filmes
Vou apresentar uma série de seis filmes que retrata questões de cultura e corpo no horário e lugar normal de nossa disciplina (13-17:00 hs, sala 215a). Os filmes serão seguidos por discussões e debate e eu apresentarei pelo menos duas perguntas sobre cada filme que você deve responder em seu trabalho escrito.
Escolhe TRÊS filmes para assistir e responder as perguntas levantadas durante a discussão (que também serão apresentados aqui, nesse blog, toda semana após da apresentação do filme).
Como já tivemos um filme que retratou das questões de Darwinismo Social, eugenia e cultura durante o semestre, a maioria dos filmes que vão ser apresentados terão como seu foco as intersecções de cultura e sexo/gênero ou raça

Os filmes apresentados serão:

1)     Quarta, 18.05.2011, 13hs
O primeiro filme será nesta quarta feira e será Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez. Retrata de um grupo teatral carioca que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos ’70 com suas ousadas releituras de sexualidade e masculinidade.

2)     Quarta, 25.05.2011, 13hs
Nosso segundo filme foi Meninas, do documentarista Sandra Werneck. O filme retrata a gravidez de quatro adolescentes brasileiras, moradoras de comunidades carenetes do Rio de Janeiro.

         Quarta, 1.06.2011, 13hs
      Nosso terceiro filme foi o documentário Supersize Me: O Dieta do Palhaço, direcionado por Morgan Spurlock. O filme fala das mudanças na cultura de comida nos Estados Unidos nos últimos 20 anos e o que tem acontecido com os americanos em termos de saúde, como resultado.


        Quarta, 8.05.2011, 13hs
       Ou Tudo ou Nada, de Peter Cattaneo. O homem como trabalhador: a obrigação do trabalho; trabalho como identidade; saúde e trabalho. Principalmente, trabalho e o corpo masculino: o que é culturalmente aceitável para um homem fazer e o que não é?

  Quarta, 15.06.2011, 13hs
 O Lutador, de Darren Aronofsky. Retrata do final de carreira de um lutador de luta livre. Seus temas incluem o uso instrumental (e até destrutivo) do corpo, envelhecimento e seus significados culturais, prestigio social e trabalho.

  Quarta, 22.06.2011, 13hs
 Bendito Fruto, de Sérgio Goldenberg. Raça, classe, gênero e cultura no Brasil. Novamente, vemos como marcadores de diferença, inscritos no corpo (como cor, raça, classe e sexo/gênero) condicionam limitações culturais nos relacionamentos efetivos e as estruturas familiares. Esta vez, porém, o contexto é brasileiro. 

  Quarta, 29.06.2011, 13hs
 Os Garotios da Minha Vida, de diretora Penny Marshall. Gravidez, gênero e a constituição da família. Responsabilidades sociais desiguais oriundas de um fato biológico: a gravidez.

Normas gerais para o trabalho final
Seja que for sua escolha, o trabalho deve ter entre 5 e 10 páginas (sem contar a bibliografia e a página de frente), fonte Times New Roman 12, espaço um e meia. O estilo é um ensaio, então deve responder às perguntas levantados num texto coerente com início, meio e fim.

Todas as normas universitárias referentes a plágio e e referências bibliográficas devem ser seguidas. Atribuições devem ser incluídas no texto cada vez que você cita as palavras de outro autor ou use as idéias de outro autor. Nota-se que você nunca pode fazer atribuições demais e o uso correto de atribuições é sua única defesa contra acusações de plágio. Como fazer uma atribuição? Simples: em parênteses, assim, logo após do material em questão (SOBRENOME DE AUTOR, data de publicação: página de onde retirou o material). Então, se você quer citar, por exemplo o Roque Laraia sobre a cultura, a atribuição correta seria (LARAIA, 1986: pagina tal). Se a ideia do autor é geral, só cita seu nome e a data. Se você não tem a data de publicação da obra, isto pode ser facilmente encontrada na internet, buscando pelo título. Em última instância, você pode usar “s/d” (que indica “sem data”).


Para com a bibliografia, ela fica ao final de seu trabalho e deve incluir todos os autores e obras que você citou em suas respostas, listadas em ordem alfabética pelo sobrenome do autor. Cada entrada na lista deve ser assim:


SOBRENOME, Nome. Data de publicação. Título. Título da coletânea, se tiver. Cidade de publicação: editor.

Então no caso de Laraia...


LARAIA, Roque. 1986. Cultura: Um Conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Zahar.

Não esqueça de incluir seu nome numa página de rosto!

O trabalho deve ser entregue impressa, nas minhas mãos, até as 17:00 horas na quarta feira, dia 6 de julho.

Não posso receber trabalhos por via da internet!


Subsídios para o trabalho...
...podem ser encontrados nos textos do curso e também aqui no blog.


Sobre o conceito de cultura, aqui.
Sobre o conceito do superorgânico, aqui.
Sobre determinismos (biológicos e culturais), aqui.
Sobre raça entre os seres humanos, aqui,
Sobre o Darwinismo Social, aqui.

Boa sorte! :D

domingo, 8 de maio de 2011

Jogo de Tribos (alunos da Biologia, Cultura e a Questão de Raça)



Gente,

Na terça feira, vamos reunir na churrascaria do NUPEM para fazer um jogo chamado de Tribos.

O jogo retrata da vida humana na alvorada da revolução cultural do paleolítico superior, +/- 50.000 anos atrás. Antes de jogar, porém, vocês devem ler as regras básicas do jogo, que podem ser encontradas aqui:

Regras para Tribos.

sábado, 30 de abril de 2011

Trabalho para terça feira, alunos do NUPEM

Gente, por favor, não se estresse com o trabalho de terça! Sim, vale nota, mas sou bastante calminha neste aspecto.

O que eu quero, acima de tudo, é discussão. Sinto que estou falando demais na aula e quero puxar o papo de vocês. Não tem como vocês fazeram um trabalho horrível desde que vocês chegam com algo para a conversa.

Colocando novamente a tarefa:

1) Encontrar algum argumento de racismo científico na internet, na mídia ou em qualquer lugar.

2) Apresenta o argumento na aula. Explique o argumento  para nós.

3) Critíca o argumento, usando as informações apresentadas na leitura e também nossas conversas na sala de aula.

A terceira parte dessa tarefa é menos importante, neste momento. Obviamente, não quero que vocês acham que esses argumentos racistas são fantásticos. O que quero é que vocês conseguem encará-los como argumentos científicos e discutí-los utilizando argumentos científicos. Sabemos que o racismo é ruim: o que quero saber é porque a enorme maioria dos biólogos e antropólogos hoje qualificam a raça como fato social e não biológico, pelo menos entre humanos.

A apresentação será oral, mas todo o grupo deve pelo menos discutir. E, obviamente, quero que vocês resumem seus achados no papel - um texto com menos de 5 páginas.

Se alguém está tendo dificuldades com o trabalho, por favor, não hesite em entrar em contato comigo: macunaima30@yahoo.com.br.





Para alegrar o domingo de vocês....

Na semana passada, foi perguntado como é que Presidente Obama é aceito entre os americanos. Falei do boato persistente - e, aos meus olhos, maluco - que ele não é cidadão americano e opinionei que tal "contraversia" jamais aconteceria com um presidente branco. Obama atrai essas maluquices simplesmente porque, nos olhos de muitos americanos, condicionados pelo racismo, ele "não aparece como presidente".

Bom, não é que a Casa Branca finalmente revelou o certificado?

E hoje Obama massacrou Donald Trump - uma das celebridades que publicamente duvidava de sua cidadania - no jantar dos jornalistas da Casa Branca. O fantástico é que o presidente só usou humor. Apresentou o cena de nascimento do Rei Leão, afirmando que era o vídeo de seu nascimento.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quem é "de cor"?
















Debora Costa encontrou essa propaganda maravilhosa que questiona quem é, de fato, "de cor". É excelente para desmantelar alguns preconceitos comuns sobre o que é cor. Pode ser visto aqui.

Obrigado, Debora!

Lembro vocês que podem me mandar qualquer coisa interessante que vocês encontram em suas pesquisas, que boto aqui para todos compartilharam.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Enciclopédia de conceitos




Muitos conceitos chaves apresentados nas aulas das últimas semanas já têm suas próprias páginas nesse blog e, portanto, não tem porque re-escrevé-los. Por causa disto, essa página aqui vai lhe servir como uma breve enciclopédia para os cocneitos cobertos na aula. Na medida que acresento algo, vou acresentar mais links aqui, então você deve sempre retornar a essa página para ver se houve alguma novidade.

Para ver o material sobre o conceito do superorgânico, clique nesse link aqui.

Informações sobre Darwinismo Social podem ser encontradas aqui.

Informações sobre Edward Tylor e o nascimento do conceito de cultura podem ser encontradas aqui.

Informações sobre o Franz Boas e o refinamento do conceito de cultura podem ser encontradas aqui.

Para os alunos do curso "Biologia, Cultura e o Conceito de Raça", informações sobre os conceitos de raciamo, racialismo e a teoria clinática podem ser encontradas aqui.

terça-feira, 29 de março de 2011

O Nascimento do Conceito de Cultura: E.B. Tylor


 E.B Tylor (1832-1917), fundador do conceito de "cultura".


Na aula do 23.03.2011, discutimos as noção do "superorgânico" (detalhada aqui) e a noção básica de cultura, definido para a primeira vez pelo antropólogo Edward Tylor em 1871.

O conceito de cultura, propriamente dito, continua uma linha de pensamento antigo na Europa a cerca das diferenças físicas e espirituais manifestas entre seres humanos: o monogenismo. Essa teoria estipulava a união psiquica básica de toda a espécie humana, seguindo os preceitos bíblicos que a humanidade descende-se, só e unicamente, de Adão e Eva. O monogenismo se opunhava o conceito de poligenismo, que estipulava que só os povos brancos e mediterraneos foram descendentes de Adão e Eva do Jardim de Eden, os outros povos do planeta sendo criado em outros lugares e momentos (ou por Deus ou pelo Diabo).

Embora seja uma simplificação brutal, podemos pensar em determinismo biológico e racismo como teorias descendentes de (ou aparentadas com) poligenismo enquanto o relativismo cultural tem uma pé firme na herança intelectual de poligenismo.

O conceito de cultura vem própriamente da união de duas outras ideías: kultur, um conceito alemão, utilizado para simbolizar todos os aspectos "espirituais" de uma comunidade (suas leis, tradições, pensamentos e etc.) e a civilización, um conceito francês que refere-se às realizações materiais de um povo (i.e. sua tecnologia).

Em sua obra principal (Cultura Primitiva (1871)), Tylor sintetiza esses dois conceitos para criar o conceito de cultura: essa palavra refere-se todas as possibilidades de realização humana, se opondo fortemente a idéia da transmissão biológica dos comportamentos humanos. Tylor define a cultura assim:

"Todo aquele complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquerido pelo homem como membro da sociedade".


Importante é notar aqui que essa definição contém quatro elementos fundamentais:


1) Em primeiro lugar, a cultura é um complexo - ou seja, o conjunto de todos os conhecimentos referidos por Tylor. Uma coisa não é "cultural" nesta definição e sim "parte de uma cultura".

2) A cultura é adquerida, não nata. Ela independe da biologia.

3) A cultura é adquerida por um indivíduo como membro de uma sociedade. É essa transmissão de saberes que é o ponto mais definitivo da cultura. O individuo, aprendendo sozinho sem mentor, não está agindo de uma maneira propriamente cultural.

4) Todas as capacidades adqueridas, sejam elas espirituais ou mais técnicos, fazem parte da cultura. A música, então, é propriamente cultural, mas a capacidade de dirigir um automóvel ou construir um reator nuclear também é.

Para essa semana (aula II), estaremos lendo e discutindo o primeiro capítulo do livro Genes, Povos e Línguas, já no xerox. Para semana 3, vamos discutir dois capítulos do livro Sociologia (já no xerox) e o livro Cultura, que pode ser encontrado aqui.